segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Basquete se une contra sua pior crise

Folha de SP
São Paulo, sábado, 13 de setembro de 2008

Com inédita anuência da confederação, clubes criam campeonato após três anos de rachas e o terceiro fiasco olímpico

Com início previsto para 2009, liga tem o apoio de 20 agremiações e é comandada por um amigo pessoal do presidente da confederação

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi necessário chegar quase ao fundo do poço para o basquete brasileiro começar a reagir. Após a modalidade conviver nos últimos três anos com um racha entre clubes e a confederação brasileira (CBB), há uma conciliação em curso.
Contando com o apoio da CBB, clubes de nove Estados -incluindo os paulistas, dissidentes do último Nacional- criaram a Liga Nacional de Basquete (LNB), cuja missão é organizar um campeonato que substituirá o Nacional masculino como competição oficial.
Com início previsto para janeiro de 2009, a LNB será gerida pelos times, copiando o modelo em voga nos principais centros de basquete do mundo.
O registro oficial em cartório da liga só será feito no fim deste mês ou no início de outubro.
A assessoria de imprensa da CBB confirma que a liga tem a chancela da entidade. O presidente da confederação, Gerasime Bozikis, o Grego, não se pronunciou sobre o assunto, pois, segundo a assessoria, não falará com a imprensa até outubro.
Um sinal de que a aproximação entre clubes e CBB parece ser definitiva foi a escolha de Kouros Monadjemi (ex-presidente do Minas) para presidir a LNB. Eleito pelos representantes dos clubes, o dirigente é amigo pessoal de Grego e fará a mediação entre as entidades.
"Eu já tinha conversado com o Grego há muito tempo para que os clubes tivessem mais liberdade na negociação de contratos", conta Monadjemi.
"A idéia é unir os clubes para ajudar a CBB a ressuscitar o basquete. A gente vê que a CBB hoje tem dificuldades para erguer o basquete. É fácil [para os clubes] criticar, mas por que não estender a mão?", afirma.
A liga foi aprovada por 20 clubes: Flamengo, Nova Iguaçu, Brasília, Minas, Uberlândia, Joinville, Salvador, Londrina, Pinheiros, Paulistano, São José, Bauru, Araraquara, Rio Claro, Franca, Assis, Limeira, Lajeado, Cetaf e Saldanha da Gama. Entretanto somente 16 ou 18 equipes vão disputar a competição no ano que vem.
"Só vai entrar no torneio quem tiver capacidade de se bancar", diz Monadjemi. Ele crê que, para um clube manter uma equipe razoável e competitiva, é necessário um investimento anual de R$ 600 mil.

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